sexta-feira, 17 de maio de 2013

NAVIO BOLAMA - BOLAMA VESSEL

Mayday Bolama
Um dos factos mais enigmáticos sobre o naufrágio do navio Bolama é não ter sido emitido qualquer sinal de SOS. A ponte de comando do arrastão estava equipada com dois rádios VHF. O que quer que tenha acontecido ocorreu num curto espaço de tempo embora os especialistas navais ouvidos nesta investigação sejam unânimes em considerar que um navio de 40 metros de comprimento não se afunda em segundos de forma a que não seja possível emitir um aviso de socorro ou o lançamento de um very light.
 
Nos dias seguintes ao desaparecimento do navio apesar das intensas buscas que foram realizadas não foram detectados quaisquer meios de salvamento. Nas imagens subaquáticas recolhidas por um ROV da Marinha portuguesa também não são visiveis os equipamentos de salvação. O navio Bolama possuia duas balsas salva vidas, um bote de borracha para além de coletes de salvação e de bóias. Nenhum dois oito corpos resgatados tinha colete de salvação.
A carga suspeita do Bolama
Muita tinta tem corrido sobre a alegada carga ilegal que o navio Bolama transportava e que supostamente seria esse o motivo do afundamento. Especulou-se sobre uma acção da MOSSAD (serviços secretos israelitas) para interceptar urânio desaparecido do LNETI, de um acto de sabotagem da UNITA ou da Frente Polisário devido ao tráfico de armas e até uma grande quantidade de droga relacionada com as ligações de José Manuel Esteves, o genro de Salvador Caetano e Administrador da Crustacil, uma das empresas proprietárias do arrastão.
O que ficou provado em sede de justiça foi que o navio Bolama transportava seis toneladas de electrodomésticos adquiridos pelos pescadores guineenses, cerca de 400 garrafões de vinho, 10 tambores de 50Kg cada de produto de limpeza de piscinas e caixas de cartão prensado para embalar camarão. O que faltou explicar em tribunal é como nove húmildes pescadores naturais da Guiné Bissau conseguiram comprar seis mil quilos de electrodomésticos. Outra pergunta pertinente que se pode colocar no caso do navio transportar uma carga ilegal é o facto dos seus proprietários terem decidido ir fazer uma experiência de redes seguida de um almoço com convidados a bordo.
Nos dias seguintes, o Bolama deveria rumar à Guiné Bissau para a pesca do camarão...
Camarate & Bolama. As coincidências...
Nada. Nada aponta para que as tragédias de Camarate e do Bolama estejam relacionadas. Como mero exercício de curiosidade vamos apresentar as coincidências entre os dois casos: 
- Ambas as tragédias ocorreram em Portugal no dia 4 de Dezembro com uma diferença de 11 anos. A queda da avioneta em Camarate em 1980 e o naufrágio do navio Bolama em 1991.
- Nos dois casos morrem dois cidadãos dinamarqueses. Em Camarate faleceu Snu Abecassis (Ebba Merete Seindanfanden), companheira do Primeiro Ministro Francisco Sá Carneiro. No Bolama perdeu a vida, Niels Johnstad Moller, o filho do proprietário da empresa dinamarquesa que mediou a venda do navio à Crustacil.
- Nos dois casos mediáticos aponta-se que o móbil dos alegados crimes seria o tráfico de armas.
- A justiça portuguesa arquivou os dois processos sem condenações. Ninguém foi culpado pela morte de sete pessoas (entre elas o Primeiro Ministro e o Ministro da Defesa) em Camarate e de trinta pessoas no naufrágio do navio Bolama.
- São apontadas deficiências nos dois meios de transporte. A aeronave Cessna YV314P não estaria nas melhores condições de operacionalidade e o navio Bolama teria falta de estabilidade.
- Nos anos das tragédias, Aníbal Cavaco Silva, exercicia cargos políticos. Em 1980 era Ministro das Finanças e em 1991 era Primeiro Ministro. O PSD estava no poder em ambas as alturas. 
O mesmo acontece com George W. Bush, em 1980 era Director da CIA e em 1991 era o Presidente dos Estados Unidos da América.
 

MOSSAD envolvida no naufrágio do Bolama

Dezasseis dias depois do desaparecimento do Bolama, a 20 de Dezembro de 1991, o semanário "O Jornal" avançava que o navio transportava uma carga nuclear e que fora interceptado pela MOSSAD, os serviços secretos israelitas. No artigo não assinado podia-se ler:
“de acordo com fontes particularmente bem informadas, o destino do arrastão de 242 toneladas desaparecido no dia 4 de Dezembro último estaria relacionado com o transporte de uma carga nuclear, a qual deveria ser transferida para outro navio ao largo da costa portuguesa. O transbordo do material, alegadamente destinado a um país árabe norte africano, não se terá, contudo, chegado a efectuar, dado que o presumível navio receptor foi impedido de aparecer no local aprazado, devido à intervenção de agentes secretos israelitas, entretanto sabedores do que estaria para acontecer.A carga alegadamente transportada pelo Bolama, cuja natureza exacta não foi até agora possível determinar, admitindo-se contudo que se tratava de material nuclear vendido por uma das ex-repúblicas soviéticas, destinar-se-ia presumivelmente à Líbia e a sua passagem pelo porto de Lisboa não teria sido autorizada pelas autoridades portuguesas.”
O Director do semanário "O Jornal" era José Silva Pinto que tinha como directores adjuntos Pedro Rafael dos Santos e Carlos Cáceres Monteiro. Até à presente data não existe qualquer prova da veracidade desta notícia.
Meios de Busca e Salvamento ao navio Bolama
Depois do desaparecimento do navio Bolama, a 4 de Dezembro de 1991 é desencadeada a maior operação de busca e salvamento (Search and Rescue) de que há memória em Portugal. Os meios envolvidos indicam que o governo português e as autoridades militares estavam cientes da importância das trinta pessoas a bordo ou de uma alegada carga ilegal que o navio transportava.
MARINHA DE GUERRA PORTUGUESA
- Fragata Álvares Cabral
- Fragata Roberto Ivens
- Corveta Jacinto Cândido
- Navio Balizador Schultz Xavier
- Navio Hidrográfico Auriga
- Lancha da Polícia Maritima
- DAE, Destacamento de Acções Especiais
FORÇA AÉREA PORTUGUESA
- P3 Orion
- C-130
- 2 Aviocars
Forças especiais foram à procura do navio Bolama
O DAE, o Destacamento de Acções Especiais da Marinha de Guerra Portuguesa embarcou na Fragata Roberto Ivens no dia 13 de Dezembro de 1991 rumo a Cabo Verde para procurar o navio Bolama.
O DAE é uma unidade de elite dos Fuzileiros vocacionada para operações de anti-terrorismo marítimo. O recurso a esta força especial do então Ministro da Defesa Fernando Nogueira indica que o governo liderado por Cavaco Silva acreditava que o navio Bolama tinha sido sequestrado.
Impacto de balas no casco do Bolama...
Segundo o livro "O Mistério do Bolama - Acidente ou Sabotagem?" (Prime Books, 2007) do jornalista Jorge Almeida da RTP, levantou-se a hipótese numa investigação levada a cabo pela estação pública de televisão, de existirem impactos de balas no casco do navio Bolama junto a uma das vigias de estibordo.
"Após um visionamento mais pormenorizado das imagens subaquáticas pode-se identificar um outro dado suspeito. Junto de uma das vigias de estibordo situada por baixo da ponte de comando existem algumas pequenas marcas que podem sugerir terem sido provocadas por impactos de projécteis. As imagens passaram despercebidas aos investigadores e nem sequer foram abordadas no processo judicial mas não escaparam à atenção do jornalista Samuel Costa, durante uma investigação realizada em 1997 pela equipa do programa Bombordo da RTP. Esta nova pista chegou a ser mostrada a oficiais do Exército e a especialistas em balística da Polícia dinamarquesa que tiveram oportunidade de analisar as imagens. Ambas as fontes não desmentem que aqueles pequenos pontos podem ter sido causados por impacto de balas mas atribuem uma probabilidade de cinquenta por cento daquelas marcas terem sido provocadas por disparo de arma de fogo. Pelas imagens disponíveis não é possível tirar qualquer conclusão fidedigna e com o passar de todos estes anos, provavelmente as mesmas marcas, já se encontram dissipadas com a corrosão do casco do navio."
in "O Mistério do Bolama - Acidente ou Sabotagem?", Prime Books, 2007
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Fonte: Navio Bolama

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