quarta-feira, 22 de novembro de 2017

EUA planearam fingir ataque russo para começar guerra na década de 1960

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Informação consta num dos documentos tornados públicos sobre o assassínio do presidente J.F. Kennedy. Plano dos EUA era construir réplicas ou comprar aviões soviéticos para atacar alvos norte-americanos

A administração norte-americana considerou planear um falso ataque, utilizando aviões russos, para justificar o início de uma guerra com a URSS ou os seus aliados na década de 1960. A informação consta num documento recentemente tornado público, que faz parte do acervo de ficheiros relativos ao homicídio do presidente John F. Kennedy. São mais de 2800 ficheiros que, nas últimas semanas, têm vindo a ser analisados e escrutinados.

O documento sobre o falso ataque descreve uma reunião que terá tido lugar no dia 22 de março de 1962 e contou com membros do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, que discutiram uma sugestão do então procurador-geral norte-americano, Robert Kennedy, irmão do presidente J.F.K.. Robert Kennedy propunha que os EUA adquirissem aviões militares soviéticos ou fabricassem réplicas de Mig-17, Mig-19 ou Ilyushin Il-14. Os custos de tal empreitada chegaram a ser analisados: construir um MIG-19 que os não-especialistas confundissem com um avião russo podia chegar aos 44 milhões de dólares, ao passo que conceber uma réplica de um Ilyushin Il-14 seria "extremamente difícil e moroso", terão concluído os responsáveis.

Perante este cenário, a CIA sugeriu então que fosse adquirido material soviético original, através de pilotos que desertaram ou comprando-o de um país que não fizesse parte do Pacto de Varsóvia. A agência apresentou ainda três cenários em que os aviões poderiam ser utilizados, acrescenta a Newsweek, que analisou o documento, incluindo operações para confundir pilotos inimigos no ar ou atacar instalações de países adversos, e uma "operação de provocação na qual um avião soviético parecesse atacar os EUA ou forças aliadas para oferecer uma desculpa para uma intervenção norte-americana".

Entre os responsáveis que estiveram na reunião relatada no documento agora divulgado contam-se o procurador-geral dos EUA, Robert Kennedy, o diretor da CIA, John McCone, ou o conselheiro para a segurança nacional McGeorge Bundy.

Não é a primeira vez que se ouve falar deste plano para simular um ataque russo: em 2001, o historiador Robert Dallek assinalava esta hipótese num livro - An Unfinished Life: John F. Kennedy, 1917-1963 - atribuindo a ideia ao então diretor da CIA, John McCone.

O documento que prova a veracidade do plano foi revisto pela última vez pela CIA em fevereiro de 1998 e um selo mostra que deixou de ser confidencial em março de 2016. Mas estranhamente, assinala a Newsweek, na capa, no local onde devia estar escrita a data do ficheiro, aparece apenas 00/00/00.

Fonte: DN

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